Enredo das escolas especiais para o carnaval de 2020
Mesmo com as dificuldades, estruturais e financeiras, que as escolas estão enfrentando para colocar o carnaval na avenida, a contagem regressiva para o carnaval desse ano já começou. Em pouco mais de 40 dias, escolas dos grupo especial estarão encantando o público na Marquês de Sapucaí. Por isso, nessa matéria, você poderá conferir o enredo das escolas do grupo especial e criar muitas expectativas sobre tudo o que pode acontecer durante os desfiles.
A Estácio de Sá, volta a desfilar no grupo especial pela primeira vez depois de ter sido rebaixada em 2016. Assim, ela é a primeira escola do grupo a se apresentar no domingo (23) com o enredo Pedra. Os compositores Edson Marinho, Jorge Xavier, Júlio Alves, Jailton Russo, Ivan Ribeiro e Dudu Miller iniciam o samba-enredo da Estácio de Sá falando de Xangô, Orixá associado à pedreira na Umbanda e o no Candomblé. Além disso, o samba fala de pedras preciosas e da importância delas na história do carnaval. Relembrando a história de Maria Madalena, os sambistas afirmam: atire a primeira pedra quem não tem espelho.
A segunda escola a desfilar no domingo de carnaval é a Viradouro. Ela que ano passado foi vice-campeã do carnaval carioca com o enredo 'ViraViradouro', esse ano está de alma lavada. Literalmente! O enredo, 'Viradouro de alma lavada' é uma homenagem as ganhadeiras de Itapuã, grupo musical que surgiu dos cantos, danças e crenças das lavadeiras do litoral da Bahia. No samba-enredo da Viradouro, assinado por Dadinho, Fadico, Rildo Seixas, Manolo, Anderson Lemos, Carlinhos Fionda e Alves, a religiosidade e a ancestralidade das lavadeiras é um dos pontos maior protagonismo.
'A Verdade vos fará livre' é o enredo do carnaval da Mangueira, terceira escola a desfilar no domingo (23). Segundo Leandro Vieira, carnavalesco da escola, o desfile vai trazer não a história do Jesus bíblico e seu martírio, mas sim uma indagação sobre como seria a volta do Cristo hoje, em um contexto de tanta intolerância, preconceito, violência e perseguição. No samba-enredo da Mangueira composto por Manu da Cuíca, a Mangueira afirma : "não existe futuro sem partilha e nem messias de arma na mão”.
Esse ano a Paraíso do Tuiuti é quarta escola a desfilar no primeiro dia de carnaval das escolas especiais. O desfile pretende mostrar o encontro de Dom Sebastião, rei de Portugal, com São Sebastião, padroeiro do Rio de Janeiro. Para o diretor de carnaval da Tuiuti, Júnior Schall, o enredo, 'O santo e o rei', traz ainda mais a força da comunidade por falar de São Sebastião, que é padroeiro da escola. O samba-enredo da Tuiuti foi escrito por Moacyr Luz, Cláudio Russo, Aníbal, Júlio Alves, Pier e Tricolor.
A Grande Rio vai contar a história de Joãozinho da Gomeia, pai de santo que nasceu na Bahia e fez história como um dos mais famosos líderes religiosos do Brasil, com o enredo 'Tata Londirá: o Canto do Caboclo no Quilombo de Caxias'. O samba-enredo da Grande Rio, começa exaltando justamente o caboclo, uma linha de entidade cultuada na umbanda e candomblé, do Joãozinho da Gomeia. No fim da canção, os compositores Deré, Robson Moratelli, Rafael Ribeiro e Toni Vietnã fazem um apelo: "respeita meu axé".
Logo em seguida, a União da Ilha desfilará com o enredo 'Nas encruzilhadas da vida, entre becos, ruas e vielas, a sorte está lançada: Salve-se quem puder!'. O samba-enredo da Ilha, escrito por Marcio André, Marcio André Filho, Rafael Prates, J Alves, Daniel e Marinho, é forte e trata com muita sinceridade a realidade dos moradores de favela. Uma parte da canção denuncia "são invisíveis entre becos e vielas e vão trabalhar antes do sol despertar de novo."
A sétima e última escola a desfilar no dia 23 de fevereiro é a Portela com o enredo 'Guajupiá, Terra Sem Males'. Na avenida, a escola vai contar a história dos primeiros habitantes do Rio. Guajupiá é o mundo encantando e idealizado pelos tupinambás para que os homens vivessem em paz e harmonia. No samba-enredo a Portela questiona: Guajupiá, o que fizemos de ti?
A São Clemente abre os desfiles de segunda-feira (24) com 'O Conto do Vigário'. O samba-enredo, que foi composto pelo humorista Marcelo Adnet, é dinâmico e aborda temáticas super atuais como o combate às Fake News. A Vila Isabel desfila na sequência com o enredo 'Gigante pela própria natureza: Jaçanã e um índio chamado Brasil'. Na Avenida a escola vai contar a história de Brasília como uma lenda indígena. Que a capital federal nasce para levar esperança aos povos da terra, onde vive o indiozinho Brasil com samba-enredo composto por Cláudio Russo, Chico Alves e Júlio Alves.
O Salgueiro vai homenagear o palhaço Benjamin de Oliveira ,que completaria 150 anos esse ano,com o enredo 'O rei negro do picadeiro'. A partir da história de Benjamin, um palhaço periférico que enfrentou muitas dificuldades até conquistar seu espaço, o Salgueiro vai tratar de temas como racismo e perseverança. O samba-enredo da escola, que foi composto por Marcelo Motta, Fred Camacho, Guinga do Salgueiro, Getúlio Coelho, Ricardo Neves e Francisco Aquino, questiona: "Mas qual o negro não sonhou com liberdade?"
A quarta escola a desfilar na segunda-feira de carnaval é a Unidos da Tijuca com o enredo 'Onde moram os sonhos'. A escola escolheu, como tema para o enredo de 2020, a Arquitetura e o Urbanismo “o que move homens e mulheres que se dedicam a pensar na arte de viver, projetar, organizar e produzir o lugar da moradia, do trabalho, da diversão, do lazer e da religião?”. No samba-enredo, os autores Jorge Aragão, Fadico, André Diniz, Totonho e Dudu Nobre declaram: "O povo é o alicerce da esperança".
'Elza deusa Soares', esse é o enredo deste ano da Mocidade. O desfile vai trazer a história da cantora Elza Soares, que veio da miséria, e hoje é uma das vozes mais conhecidas do Brasil. No samba-enredo os compositores Sandra de Sá, DR Márcio, Igor Vianna, Jefferson Oliveira, Prof. Laranjo, Renan Diniz, Solano Santos e Telmo Augusto abordam temas de injustiça social e preconceito que Elza e tantas pessoas como ela sofreram para chegar onde chegaram.
Para fechar o carnaval no sambódromo, a Beija-Flor trará o enredo 'Se essa rua fosse minha'. Com o samba-enredo assinado por Magal Clareou, Diogo Rosa, Júlio Assis, Jean Costa, Dario Jr. e Thiago Soares, ela vai contar a história de estradas, rotas e caminhos por onde a humanidade passou até desembarcar na rua mais importante do carnaval carioca: a Marquês de Sapucaí.
7 Comments Add a Comment?
Rodrigo
Posted on Jan. 8, 2020, 7:56 p.m.
Adorei a forma como o texto informou sobre essa festa tão importante pra nossa cultura
Alexandre
Posted on Jan. 8, 2020, 9:50 p.m.
Maravilhosa matéria!
Oportuna em tempos difíceis.
"O carnaval é uma reza
Pela força que ele tem
Inventam mil pecados
Mas eu estou do seu lado
E do lado da Umbanda também"
Mariana
Posted on Jan. 8, 2020, 10:02 p.m.
Texto impecável! Rico em informação sobre uma das maiores festas do nosso país!
ROBSON ALCANTARA DA SILVA
Posted on Jan. 8, 2020, 10:57 p.m.
Muito boa a matéria. Parabéns. Necessitamos muito de conteúdos bem elaborados, formadores de opinião correta, precisa.
Gostei muito. SHOW
ROBSON ALCANTARA DA SILVA
Posted on Jan. 8, 2020, 10:58 p.m.
Muito boa a matéria. Parabéns. Necessitamos muito de conteúdos bem elaborados, formadores de opinião correta, precisa.
Gostei muito. SHOW
ROBSON ALCANTARA DA SILVA
Posted on Jan. 8, 2020, 11 p.m.
Que venha mais e mais matérias com esse alto nível de qualidade.
Parabéns
Rosana
Posted on Jan. 8, 2020, 11:23 p.m.
Parabéns pela matéria! Carnaval é uma festa que transborda cultura e resistência, tão necessários nos tempos obscuros que estamos vivendo.